sexta-feira, janeiro 29, 2010

Precisa-se: Coragem com Moderação

O pecado fez um ótimo trabalho, arruinando-nos por completo, e o processo de restauração é longo e vagaroso.
As obras da graça na vida de cada um talvez nunca venham a ser claras e definidas, mas trata-se sem dúvida da obra de um Deus, a fim de levar de volta à semelhança divina o coração decaído. Isto pode ser visto perfeitamente na dificuldade que experimentamos em conseguir simetria espiritual em nossa vida. A incapacidade, até mesmo das almas mais piedosas, de manifestar as virtudes cristãs em igual proporção e sem qualquer mistura de atributos não-cristãos tem sido fonte de muita tristeza para grande número de crentes.
As virtudes da coragem e moderação, quando mantidas na pro­porção exata, tornam a vida bem equilibrada e útil no reino de Deus. Quando falta uma delas ou sua presença é reduzida, o resultado é desastroso, não existe equilíbrio e poderes são desperdiçados.
Quase tudo que se escreve com sinceridade, quando examinado de perto, percebe-se ser autobiográfico. Nós conhecemos melhor aquilo que experimentamos. Este artigo não é uma exceção. Devo admitir francamente que se trata de autobiografia, pois o leitor perspicaz descobrira a verdade por mais que eu tente escondê-la.
Em resumo, poucas vezes fui chamado de covarde, mesmo pelos meus inimigos mais cordiais, mas minha falta de moderação já foi causa de sofrimento a meus amigos mais chegados. Um temperamento extremado é difícil de dominar e a tentação de fazer uso de métodos drásticos, imoderados, no serviço do Senhor, é quase irresistível. Essa tentação é ainda fortalecida pelo conhecimento de ser praticamente impossível encostar um pregador na parede e fazê-lo engolir as suas palavras. Existe uma espécie de imunidade minis­terial conferida ao homem de Deus que pode levar Boanerges a fazer uso de uma linguagem extravagante e irresponsável, a não ser que empregue medidas heróicas para colocar a sua natureza sob o con­trole do espírito do amor. Falhei algumas vezes nisto e sempre em meu detrimento.
O contraste entre os caminhos de Deus e os do homem é visto novamente aqui. Em separado da sabedoria que a experiência pe­nosa pode fornecer, tendemos a alcançar nossos fins mediante o ata­que direto, invadindo o campo inimigo e ganhando a luta com um ataque de surpresa. Foi essa a atitude de Sansão, e ela funcionou bem exceto por um pequeno descuido: destruiu o vencedor junta­mente com os vencidos! Existe sabedoria no ataque pelo flanco, mas o espírito impetuoso geralmente a rejeita.
Foi dito a respeito de Cristo: "Não contenderá, nem gritará nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana que brada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor juízo" (Mt 12:20). Ele alcançou seus tremendos objetivos sem esforço físico excessivo e praticamente sem violência. Toda a sua vida foi marcada pela moderação: todavia, foi dentre todos os homens o mais corajoso, ousando enviar esta mensagem a Herodes que o ameaçava: "Ide dizer a essa raposa que hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia terminarei". Existe nisso coragem consu­mada, mas não desafio, nenhum sinal de desprezo, nenhuma extra­vagância em atos ou palavras. Ele possuía coragem com moderação.
A falha em alcançar um equilíbrio entre essas virtudes já provo­cou muitos males na igreja no correr do tempo, e o prejuízo é tanto maior quando os líderes da mesma se envolvem neles. A falta de co­ragem é um defeito grave s pode ser um verdadeiro pecado quando leva à transigência na doutrina ou na prática. Ficar parado, a fim de manter a paz a todo custo, permitindo que o inimigo fuja com os vasos sagrados do templo jamais pode ser o comportamento do verdadeiro homem de Deus. A moderação levada ao extremo no que se refere às coisas santas não é certamente uma virtude; mas a belicosidade não vence as batalhas celestiais. A fúria do homem não exalta a glória de Deus. Existe um modo correto de fazer as coisas, e ele jamais inclui a violência. Os gregos possuíam um ditado fa­moso: "A moderação é o melhor caminho"; e o provérbio simples do agricultor americano: "devagar se vai longe", contém uma rica e profunda filosofia.
Deus tem usado e certamente continuará usando os homens ape­sar de sua falha em possuir tais virtudes em equilíbrio adequado. Elias era homem corajoso; ninguém poderia duvidar disso, mas tam­bém não se poderia afirmar ser ele homem paciente e moderado. Vencia a batalha de assalto, pela provocação e não desprezava o uso da sátira e da ofensa, quando pensava que isso poderia ajudar. Mas depois de confundir o inimigo ele passava para o extremo oposto e caía no mais profundo desespero. É isso que acontece com as natu­rezas extremadas, o homem de coragem sem moderação.
Eli, por outro lado, era homem prudente. Não sabia dizer "não" nem mesmo para os de sua própria família. Apreciava a paz sem fundamentos e a tragédia mais negra foi o preço pago pela sua co­vardia. Ambos, Elias e Eli, eram homens bons, mas não souberam encontrar o meio-termo ideal. Dos dois, o ardente Elias foi com certeza o maior. É penoso imaginar o que Eli teria feito na posição de Elias. E eu teria piedade até de Ofni e Finéias caso Elias fosse pai deles!
Isto nos leva logicamente a pensar em Paulo, o apóstolo. Ele parece ter tido uma coragem praticamente perfeita, juntamente com uma disposição paciente e uma tolerância realmente divinas. O que ele poderia ter sido em separado da graça é visto na breve descrição dada a seu respeito antes da conversão. Depois de ter ajudado a apedrejar Estêvão até a morte, saiu perseguindo os cristãos, "respi­rando ainda ameaças e morte". Mesmo depois de convertido fazia juízos sumários quando entrava em discussão sobre alguma coisa. Sua rejeição de Marcos, por este ter abandonado o trabalho em meio, foi um exemplo de como tratava os homens quando perdia a con­fiança neles. Mas o tempo, os sofrimentos e uma intimidade cres­cente com o paciente Salvador parecem ter curado esta falha no homem de Deus. Seus últimos dias foram cheios de amor, tolerân­cia e caridade. E isso deve acontecer com todos nós.
É significativo o fato de a Bíblia não mencionar a cura de qual­quer covarde. Nenhuma "alma tímida" jamais se transformou em homem corajoso, Pedro é algumas vezes citado como uma exceção, mas nada existe em seu registro que faça ver nele uma pessoa tímida antes ou depois do Pentecoste. Ele chegou a tocar a fronteira uma ou duas vezes, mas na maior parte do tempo mostrou-se homem tão co­rajoso que sempre estava cm apuros por causa de sua ousadia.
Como a igreja precisa desesperadamente de homens de cora?em neste momento é sabido demais para que haja necessidade de repeti-lo. O medo paira sobre a igreja como uma maldição antiga. Medo de viver, de perder o emprego ou a popularidade, medo uns dos outros: esses são os fantasmas que assombram os homens, os líderes da igreja moderna. Muitos deles, porém, ganham reputação de co­rajosos repetindo coisas prudentes, seguras e batidas com ousadia cômica.
A coragem consciente não é entretanto a cura. Cultivar o hábi­to de falar francamente, pode simplesmente resultar em nos tornar­mos inconvenientes e causar muitos prejuízos. O ideal parece ser uma coragem tranqüila que não percebe sequer a sua própria pre­sença. Ela extrai sua força a cada momento do Espírito interior e dificilmente se apercebe do "eu". Uma coragem assim será também paciente, bem equilibrada e livre de extremismos. Possa Deus bati­zar-nos com essa espécie de coragem.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

COMUNHÃO- Como promover a reconciliação?

“Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mateus 18.15-22)
O homem é um ser social e não pode viver isoladamente.
Como verificamos no texto da Palavra de Deus que transcrevemos acima, é necessário nos reconciliarmos com nossos irmãos, Porém, mais importante que nos reconciliarmos é evitarmos que haja o rompimento das relações amigáveis entre os membros de uma família, comunidade, igreja, trabalho, escola, etc.
Este texto é maravilhoso, mas gostaríamos de comentar não sobre a reconciliação, mas sobre a comunhão, pois a partir do momento em que realmente há comunhão em nossas vidas não haverá rompimento de relações e assim não precisaremos nos reconciliar com o nosso irmão.

Somos chamados a viver em comunhão
“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.” (I Co 1.9,10)Comunhão com o nosso irmão.
Vivemos um período impar na história da humanidade: nunca estivemos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes uns dos outros.A globalização interligou os povos e hoje tomamos conhecimento do que acontece em uma parte do planeta quase que imediatamente. Infelizmente até mesmo algumas guerras puderam ser presenciadas nas telas de nossos televisores e computadores.
A internet tem sido um veículo fantástico para essa aproximação entre as pessoas.
Não são poucos os que, utilizando-se dessa ferramenta, localizaram amigos que há tanto tempo não viam e puderam restabelecer a velha amizade perdida muitas vezes em razão da distancia que os separavam, e muito embora nem sempre o contato seja pessoal, já dá para matar a saudades virtualmente, através do Orkut, MSN ou mesmo de uma web cam. Sem dúvida esse foi um grande avanço tecnológico.
Mas ao mesmo tempo em que o homem alcançou toda essa tecnologia, tornou-se também mais egoísta, mais fechado em si mesmo.
Os diálogos familiares são cada vez mais esporádicos e não são poucos os pais que “nem vêem o crescimento de seus filhos”, ou mesmo filhos que não presenciam o envelhecimento de seus pais.
Quantos de nós nos sentimos estranhos em nossos próprios lares.
As conversas ao redor das mesas de refeições deram lugar para os bate-papos virtuais com os amigos e a convivência doméstica perdeu seu elo principal: a comunhão entre seus membros.
Todos nós necessitamos trocar experiências e principalmente amor.
Amor. Talvez essa seja a palavra mais vulgarizada nos dias de hoje. O sentimento puro que ele representa perdeu-se nas noites do tempo. Apesar de muitos até dizerem que se amam isso em muitos casos não passa de expressar palavras sem analisar seu sentido. É como se saísse automaticamente dos lábios de quem as profere.
O mesmo que diz amar o seu semelhante é capaz de, num ataque repentino de ciúme, matá-lo em nome de um amor que na verdade deve ser traduzido por ego ferido.
Disse João: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.” (I João 4.20,21)Somos chamados por Deus a vivermos em comunhão com Ele e se assim o desejamos é necessário que aprendamos a ter comunhão também como nosso próximo.

Cristo deixa impressão em nossa vida
“Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus.” (Atos 4.13)
Não é a cultura acadêmica que adquirimos ao longo dos anos que determina o quão estreita é a nossa comunhão com Cristo e sim a impressão que Ele deixa em nossas vidas.
Pedro e João eram homens iletrados, mas a maneira como se comportavam era um sinal evidente de que eles haviam, de fato, andado com Jesus.
Que impressão Cristo tem deixado em nossas vidas?Quando as pessoas olham para nós vêem a figura de Cristo espelhada em nossas atitudes ou simplesmente passamos despercebidos de todos? Somos como crentes “agentes secretos” que precisam ocultar sua verdadeira identidade para se misturarem na multidão?
Quando vemos nosso semelhante abandonado por todos, olhamos para ele com olhar de amor e desejo de ajudar e procuramos exteriorizar esse desejo, ou simplesmente passamos para o outro lado da rua e procuramos disfarçar como se ele não existisse?
A impressão que devemos deixar à nossa volta que de fato andamos com Jesus não é exteriorizada através de roupas e costumes e doutrinas humanas ou demonstrações de beatitude como faziam os fariseus da época de Jesus, mas através de uma vida compromissada com a Verdade da Palavra de Deus e com o amor ao nosso próximo, e uma forma de demonstrar esse amor é testemunhando de Cristo.

O testemunho ajuda na comunhão

“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.” (I João 1.1-3)
Temos testemunhado do amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo ou simplesmente “oramos” para que o Senhor envie alguém, não a nós mesmos, para pregar as boas novas aos nossos semelhantes, esquecendo de que o mais próximo de nosso próximo somos nós mesmos?
Quanto mais falamos a respeito de Cristo e de nossas experiências com Ele, mais desejamos a Sua presença e isso se reflete na nossa vida diária e através de nosso exemplo outras vidas também poderão ser alcançadas.
Devemos testemunhar sempre de Cristo, em qualquer oportunidade, lembrando sempre da “urgência da mensagem”, ou seja, a pessoa a quem você irá falar do amor de Jesus poderá morrer a qualquer momento e o que será dela se não o reconhecer como Salvador pessoal de sua alma? Pense nisso antes de perder uma oportunidade de falar do amor e da salvação que há em Jesus Cristo.


Se procurarmos ter uma vida de comunhão com nossos irmãos, compreendendo suas dificuldades e também entendendo nossas limitações estaremos dando um grande passo para que a vida à nossa volta seja cada dia melhor, e lembre-se de que, muito embora você se ache incapaz de mudar o mundo, você pode começar mudando a si mesmo e dessa forma começará a construir um mundo melhor à sua volta e isso poderá contagiar outros a fazerem o mesmo.
Que o amor de Jesus que nunca nos faltou continue nos alcançando e nos ajude a termos um compromisso de amor para com nossos irmãos.
Que a nossa comunhão possa mostrar ao mundo que espelhamos o amor e a comunhão que dEle recebemos.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

O Valor de uma Imaginação Santificada

Como todas as outras faculdades que nos pertencem, a imagi­nação pode ser bênção ou maldição, dependendo inteiramente de como é utilizada e da medida em que é bem disciplinada.
Todos temos em algum grau capacidade para imaginar. Este dom nos habilita a ver sentido nos objetos materiais, a observar semelhanças entre coisas que à primeira vista parecem tão diferentes entre si. Permite-nos saber coisas que os sentidos jamais poderiam dizer-nos, pois com ela somos capazes de ver, através das impressões sensoriais, a realidade que está por trás das coisas.
Todo avanço feito pela humanidade em qualquer campo come­çou com uma idéia à qual nada correspondia na ocasião. A mente do inventor simplesmente pegava fragmentos de idéias conhecidas e com eles fazia alguma coisa que, não só era totalmente desconhe­cida, mas também inexistia completamente na época. Assim, "cria­mos" coisas e, ao fazê-lo, provamos que fomos feitos à imagem do Criador. O fato de que muitas vezes o homem decaído emprega os seus poderes criadores a serviço do mal, não invalida o nosso argu­mento. Qualquer talento pode ser usado para o mal como para o bem, mas, não obstante, todo talento provém de Deus.Algumas pessoas que erroneamente confundem a palavra "imaginativo" com a palavra "imaginário", talvez neguem que a imagina­ção é de grande valor no serviço de Deus.
O Evangelho de Jesus Cristo não negocia com coisas imaginárias. O livro mais realista do mundo é a Bíblia. Deus é real, os homens são reais, e real é o pecado, bem como a morte e o inferno para onde o pecado leva inevitavelmente. A presença de Deus não e imaginária, e a oração não é a indulgência de uma deleitável fantasia. Os objetos que absorvem a atenção do homem que ora, conquanto imateriais. são contudo completamente reais; mais certamente reais, afinal se haverá de convir, do que qualquer objeto terreno.
O valor da imaginação purificada na esfera da religião está em seu poder de perceber nas coisas naturais sombras de coisas espi­rituais. Ela capacita o homem reverente a "Ver o mundo num grão de areia e a eternidade numa hora".A fraqueza do fariseu do passado era sua falta de imaginação, ou, o que dá na mesma, sua recusa em permitir-lhe entrar no campo da religião. Via o texto com a sua definição teológica guardada com cuidado, e não via nada além disso.
"Uma prímula à margem do rio era para ele uma prímula amarela, e nada mais."Quando Cristo veio com a Sua esplendente penetração espiritual e com Sua fina sensibilidade moral, parecia ao fariseu um devoto de outra espécie de religião, o que Ele realmente era, se o mundo o tivesse tão-somente compreendido. Ele podia ver a alma do texto, enquanto que o fariseu só podia ver o corpo, e podia provar sempre que Cristo estava errado apelando para a letra da lei ou para uma interpretação consagrada pela tradição. O abismo que os separava era grande demais para permitir que coexistissem. Assim, o fariseu, que estava em condições de fazê-lo, entregou o jovem Vidente à morte. Tem sido sempre assim, e creio que assim será sempre, até que a terra se encha do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar.
A imaginação, visto que é uma faculdade da mente natural, necessariamente tem de sofrer por suas limitações intrínsecas e por uma inerente inclinação para o mal. Embora a palavra, como se acha na Versão do Rei Tiago (King James Bible), normalmente não signifique imaginação, mas simplesmente raciocínio de homens cheios de pecado não escrevo com o fim de desculpar a imaginação não santificada. Bem sei que dela como de uma fonte poluída, jorraram correntes de idéias malignas que através dos anos têm levado os homens a um comportamento desordenado e destrutivo.
Contudo, uma imaginação purificada e dirigida pelo Espírito é coisa completamente diversa, eco que tenho em mente aqui. Anseio por ver a imaginação liberta de sua prisão e recebendo o lugar que por direito lhe cabe entre os filhos da nova criação. O que estou tentando descrever aqui é o sagrado dom de ver, a capacidade de olhar além do véu e contemplar com maravilhado espanto as belezas e os mistérios das realidades santas e eternas.
A pesada mente presa à terra não dá crédito ao cristianismo. Permitindo-se-lhe dominar a igreja bastante tempo, ela o forçará a tomar uma destas duas direções: ou a do liberalismo, no qual achará alívio numa falsa liberdade; ou a do mundo, onde achará prazer desfrutável, mas fatal.
Mas pergunto se tudo isso não está incluído nas palavras do nosso Senhor, registradas no Evangelho Segundo João: "Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade, por­que não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará cousas que hão de vir. Ele me glorificará porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar" (16:13, 14).Possuir mente habilitada pelo Espírito é privilégio do cristão, sob a graça, e isto abrange tudo quanto venho tentando dizer aqui.